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terça-feira, novembro 19, 2013 |
O juiz José Amintas Júnior, da Comarca de Laranjeiras, está conduzindo o júri popular que tem como réu o ex-delegado da Polícia Civil Antonio Ferreira de Matos Filho, conhecido como Toinho Toyota, e Wilton Nogueira, conhecido como Boy que atuava como espécie de informante da polícia na cidade de Itabaiana. Eles são acusados pelo sequestro seguido de assassinato e ocultação de cadáver dos adolescentes Carlos Magno Menezes Fernandes, 16, João Cléverton Matias dos Santos, 16, e José Valdemir dos Anjos Júnior [o Juninho], 13, crimes ocorridos no mês de maio de 2001, no município de Itabaiana.
Ao ser interrogado no início da tarde desta segunda-feira, 18, o ex-delegado Toinho Toyota apresentou nova versão para os crimes e declarou que teria “mentido” anteriormente por atender as orientações dos advogados que à época atuavam no processo na defesa do réu. No depoimento, o ex-delegado assumiu a autoria dos disparos de arma de fogo que mataram Juninho e também confessou participação na ação para desovar os corpos dos três adolescentes no interior do Estado da Bahia.
Este é o sexto depoimento de Toinho Toyota a respeito da chacina. Nesta nova versão, o ex-delegado disse que agiu em legítima defesa e revelou que os outros dois adolescentes foram mortos pelos tiros disparados por Boy. Até então, conforme o advogado Evaldo Campos que atua na defesa do ex-delegado, Toinho Toyota apenas responsabilizava Boy pelas mortes.
“Devo minha vida a Boy”
No depoimento em juízo ocorrido no início da tarde desta segunda-feira, Toyota poupa a culpa de Boy ao revelar que o acusado teria agido para defendê-lo de uma suposta reação de um dos adolescentes que teria apontado a arma contra o então delegado na Delegacia de Itabaiana. “Eu menti porque fui orientado pelos meus advogados para contar aquela história, hoje estou trazendo a história verdadeira”, comentou o réu. “Devo minha vida a Boy”, completou, no depoimento.
Pela tese da defesa, o ex-delegado será absolvido pelo crime de homicídio por ter atuado em legítima defesa, mas seria condenado pela ocultação dos cadáveres. “Aqui em juízo ele [Toinho Toyota] mudou só um detalhe. Hoje ele diz que deve a vida a Boy. Antes, ele dizia que Boy teria arruinado a vida dele”, explica o advogado Evaldo Campos, que atua na defesa do réu.
Mas o Ministério Público, embora tenha ouvido a nova versão do ex-delegado, não mudou a tese apresentada na denúncia, conforme informaram os promotores de justiça Aldeleine Melhor Barbosa e Rafael Schwez Kurkwoski. Toinho Toyota e Boy foram denunciados pelo Ministério Público por homicídio triplamente qualificado, sequestro qualificado e ocultação de cadáver. “O Ministério Público mantém a posição apresentada na denúncia ao longo do processo”, considerou o promotor Rafael Kurkwoski.
O julgamento prossegue no Fórum de Laranjeiras com o depoimento do réu Wilton Andrade, o Boy. A tese inicial da defesa deste outro réu é pela “inexigibilidade de conduta diversa”, conforme explicou o advogado Alexandre Porto, que atua na defesa de Wilton. As observações do advogado foram feitas antes do depoimento dele em juízo.
O advogado explica a tese inicial. “Ou seja, naquele momento não podia se exigir outra reação que não aquela porque um dos acusados [um dos adolescentes] pegou a pistola do delegado e apontou para o próprio delegado”, explicou o advogado. “Boy então pegou o revólver 38, que também era do delegado e atirou”, complementou.
Mas a tese poderá ser modificada ao longo do julgamento. Vai depender das versões que o réu Wilton Andrade apresentar durante o interrogatório, conforme advertiu o próprio advogado Alexandre Porto.
Por desespero
A outra arma indicada pela defesa, o revólver de calibre 38, que seria de propriedade do ex-delegado não foi localizada. Ao ser interrogado pela promotora de justiça Aldeleine Melhor Barbosa, o ex-delegado foi sucinto: “eu dei fim à arma”. E explicou o motivo: “por desespero”.
No intervalo do júri, a reportagem do Portal Infonet encontrou Toinho Toyota nos corredores do Fórum de Laranjeiras, mas ele se recusou a dar qualquer declaração. “Não falo nada”, resumiu.
Kátia Santana / Infonet
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